H. Magalhães
De sua origem nos Estados Unidos da América na década de 1930, com as publicações de ficção científica, os fanzines, ou magazines do fã, se espalharam pelo mundo e ganharam outros temas, como poesia, história em quadrinhos, literatura, cinema, artes visuais e música. Apesar de essas publicações impressas terem perdido um pouco do fôlego produtivo nos últimos anos por causa das mídias digitais, ainda surgem propostas inovadoras que enriquecem seu universo temático. É o caso doBiograficzine, de Elydio dos Santos Neto.
Todo fanzine tem, em sua essência, algo de pessoal, visto que o que prevalece é a visão do próprio editor ante a expectativa de seu público. Com o fanzine biográfico, como o de Elydio, há um verdadeiro pleonasmo conceitual, mas também um transbordamento da capacidade do editor de olhar para seu universo e abri-lo ao seu público. É essa a proposição do Biograficzine, que tem como subtítulo “Histórias de vida, arte, HQ e Educação”. Com seu fanzine, Elydio apresenta um pouco de sua história a partir das descobertas que fez com as HQ, interligando-as aos conceitos filosóficos de Freud, Jung e Grof.
Elydio se aventura na utilização da linguagem das histórias em quadrinhos para passar seu conhecimento sobre as teorias psicológicas que tem estudado, de forma didática e fundamental. Em paralelo, apresenta algumas HQ de cunho poético-filosófico que ilustram como as teorias podem ser aplicadas nas HQ. Após as histórias em quadrinhos, Elydio volta à fundamentação, mostrando como as teorias foram utilizadas nas HQ.
Trabalho essencialmente didático, mas nem um pouco enfadonho, o Biograficzine de Elydio surgiu em 2008, proposto como experiência acadêmica aos alunos do Mestrado em Educação na Universidade Metodista de São Paulo, com o auxílio do quadrinista Gazy Andraus. Os número “zero” e 1 saíram em 2008 e 2009. Com esse número 2, referente ao segundo semestre de 2012, Elydio amadurece a proposta do fanzine, que se torna, ele mesmo, um excelente recurso pedagógico.
Artigo publicado no jornal A União. João Pessoa: 9 de outubro de 2012, 2o Caderno, p.7.